Minas Gerais

Período chuvoso: Bombeiros de Minas realizam mais de 8 mil treinamentos para moradores de áreas de risco

Iniciativa busca preparar militares e voluntários para atuação em ocorrências relacionadas às chuvas; corporação também investe em tecnologia e parcerias

O Governo de Minas, por meio do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), já promoveu, entre 2022 e este ano, mais de 8,3 mil capacitações para moradores de áreas de risco em todo o estado para evitar mortes durante o período chuvoso. Nos treinamentos, a população tem a oportunidade de aprender técnicas de autoproteção. Voluntários também são preparados para saber como agir em situações de risco e orientar os demais moradores até a chegada dos bombeiros.

Por meio de oficinas que simulam cenários reais, os membros da comunidade têm a oportunidade de aprender e praticar os procedimentos adequados para cada cenário. As oficinas envolvem conhecimentos sobre primeiros-socorros, acidentes domésticos, nós, amarrações e arremesso de corda, e como proceder diante de enxurradas, inundações, desmoronamentos e soterramentos.

“No fim do ano passado, durante a chuva, a água invadiu a minha casa à noite. Acordei com a água no meu pé e, em questão de 20 minutos, estava na altura do peito. Com o aprendizado que tive aqui, soube como agir naquele momento”. O relato é de Alan Garcia dos Reis, morador do bairro Novo Aarão Reis, em Belo Horizonte, que sobreviveu a uma enchente após receber a capacitação do Corpo de Bombeiros.

Em setembro deste ano, Alan participou pela quarta vez do treinamento. “Sempre tem coisa nova. Aprender é sempre bom e relembrar o que se aprendeu é melhor ainda”, destaca. O treinamento é oferecido a moradores e voluntários dos Núcleos de Alerta de Chuva (NAC) e Núcleos de Proteção e Defesa Civil (Nupdec), por meio de parcerias com as prefeituras e Defesas Civis dos municípios interessados.

Para o tenente Henrique Barcellos, porta-voz do Corpo de Bombeiros, a mobilização social pode fazer a diferença e evitar mais danos em uma situação de desastre. “É fundamental que o cidadão compreenda o contexto em que está inserido e adote um comportamento responsável e seguro. O voluntário se torna um agente ativo na comunidade, compartilhando informações, transmitindo alertas e orientando as primeiras ações emergenciais até a chegada dos bombeiros”, enfatiza.
 

CBMMG / Divulgação

Plano de preparação

Além do treinamento dos moradores, para atender a demanda do período chuvoso, o CBMMG, que está presente em 89 municípios mineiros, se organiza para atuar em várias frentes. A corporação tem estreitado a relação com os municípios para incentivar a evolução de legislações que propiciem a cultura de redução do risco de desastres e retirada dos moradores de locais com maior incidência.

Os militares têm mapeado as áreas de risco, realizado campanhas educativas integradas com órgãos ambientais e de Defesa Civil, mantido planos de contingência atualizados. Além disso, os bombeiros realizam vistorias em encostas, monitoramento de barragens, e visitas em áreas vulneráveis a inundações.

Tecnologia

Umas das ações que o CBMMG vem utilizando nesse trabalho é o aplicativo Álea. Desenvolvido pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ele apresenta a possibilidade de mapeamento dos riscos geo-hidrológicos, localização geográfica por meio do GPS de celular, visualização do mapa local e mapas auxiliares, delimitação das áreas de risco, cadastro das informações obtidas em campo, dentre outras funcionalidades.

A ferramenta permite que os militares alimentem as informações, em campo, das áreas vistoriadas, criando uma base única de conhecimento sobre as áreas de risco de todo o estado e permitindo a continuidade das ações de prevenção nos municípios.

Outra ferramenta utilizada pelos bombeiros, por meio de um acordo de cooperação técnica com a Cemig e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), é o aplicativo Prox. A ferramenta permite que a população que vive perto de barragens e hidrelétricas tenha acesso a alertas de risco, assim como informações sobre a vazão das usinas, rotas e fuga e áreas seguras.

Núcleos de Atenção às Chuvas

Para otimização da capacidade de resposta nas regiões mais afetadas, com registro e controle sistematizado dessa série de eventos, o CBMMG, criou no âmbito dos Comandos Operacionais de Bombeiros (COBs), 17 estruturas dos Núcleos de Atenção às Chuvas, compostas por militares selecionados e capacitados pelo Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta à Desastres (Bemad) para desenvolver ações especificamente relacionados às precipitações. Isso facilita a mobilização e resposta rápida das equipes.

Capacitação

O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais também investe na qualificação da equipe. Neste ano, estão sendo capacitados 2.046 militares, entre eles participantes do curso de condutores de veículos de emergência (CVE). A corporação  também oferece qualificações em Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas (básico, intermediário, avançado), Curso de Mergulho Autônomo, Curso de Salvamento em Soterramento em Enchentes e Inundações, dentre outros.

Em 2021, foi inaugurada a primeira turma do Curso de Proteção e Defesa Civil (CPDeC) na corporação, visando o aperfeiçoamento local da coordenação e execução das atividades de proteção e defesa civil. Em 2023, o CBMMG formou a terceira turma.

Último período chuvoso

Entre 2022 e 2023, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais atendeu mais de 25,5 mil ocorrências relacionadas às chuvas de outubro a março, sendo janeiro o mês de maior impacto. A corporação realizou atendimentos em praticamente todas as cidades do estado, destacando como pontos de atenção as cidades de Araxá, no Alto Paranaíba, e Lavras, no Sul de Minas. Araxá, por ter recebido um volume de 567,8 milímetros de chuva e Lavras, com registro de 552,8 milímetros de precipitação em janeiro deste ano.

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